Clandestina
Um baú.
sexta-feira, 22 de janeiro de 2016
Eu nublado (parte 1)
segunda-feira, 11 de janeiro de 2016
Num sobe desce
quarta-feira, 30 de dezembro de 2015
O que me é real e vivo, eu vivo
Dizer que eu mato um leão por dia seria uma mentira. Na verdade, eu mato mais que um, todos os dias, às vezes, mais de um por hora. Mas hoje, apesar dessas matanças, sinto que a paz me abraçou lá dentro, além do físico. Me senti mais forte, não dura e fria como uma rocha, mas resplandescente como uma primavera. Surpreendentemente, digo, foi preciso um pequeno sermão de quem vem dos becos e vielas para a senhorita socialite. "Muié, cê não sabe porquê eu tô aqui, ó!", pronto. Matei. A fera curvou sua cabeça, deu meia-volta e sumiu, não se gabou do seu diploma na minha frente: quem luta de uma forma que ela talvez não tenha conhecido. Por aí, tive aula prática sobre o respeitar que você não conhece. Sinceramente, vejo que minha vida de caminhar por aí até acertar têm me feito fluente da alegria, dona da minha vida e conhecedora de muitas histórias das quais me enriquecem, pois eu tenho meus ouvidos atentos ao mundo e não costumo me limitar à um sofá espaçoso e caro com uma TV "majestosa" à minha frente nem aos meus filhos calados com seus celulares na mão. Eu sou do amor, mulher... Eu dou valor ao que tem real valor. Nossa senhora, rego tais por aí, sentindo as mais nítidas emoções que faltam-me à quem contar. Por fim, me sinto riquíssima, pois aos poucos vejo o mundo meu, não vejo papéis com valores capitais, que voam na primeira ventania e logo se vê as mãos vazias. A minha paz é poder sentir o vento passando pelo rosto, isso sim. Não consigo me render a esse mundo que me é imposto, ainda assim querem me cobrar imposto.
terça-feira, 10 de novembro de 2015
Nua. Crua.
O mundo pode tirar de você
Alguém que lhe ensinou a viver.
Essa é a minha maior e mais dolorosa certeza.
Vejo o quanto seres humanos são cruéis, também...
Vejo algumas tristezas que vem e vem, não se vão.
Olho pro lado, logo vejo um irmão pedindo um trocado
Na minha frente vejo corpos ao chão,
Adormecidos, esquecidos como um cão...
Sem dono.
Na favela matam vários negros,
Nas metrópoles morremos lentamente porque viemos do gueto,
Sem saber, já nascemos réus.
Mas o tempo é quem comando cada passo que dou,
Nunca me esqueci de onde eu vim, muito menos o que sou,
Onde é que agora estou?
Acordo todo dia de manhã,
Sempre fico à pensar,
Cumprir meus compromissos é sempre uma missão,
À começar pelo ônibus que todo dia é lotadão.
Na calma de um monge eu sigo em cima dessa trilha que o mundo me propõe
Nessa noite escura
Nesses versos que componho
Sabendo que mais uma vez me recomponho pelo que sonho.
Privilégio mesmo é nascer em berço de ouro, o resto é plágio.
quarta-feira, 14 de outubro de 2015
Só
"você não é daqui não, né?"
pois eu trazia os vícios da grande cidade
"não, sou de Brasília"
e tudo ficou explicado
Lugar tão habitado
mas mesmo assim tenho dificuldade de encontrar loucura parecida com a minha
na esquina de cada uma dessas ruas
humanos parecem querer se complementar
E eu penso
falo comigo mesmo
apenas
Quer algo melhor do que os goles de saliva?
Pros solitários, só um copo de vinho quente
tomo goles de vida solta.
segunda-feira, 5 de outubro de 2015
Sagaz, cidade.
Conheço essa cidade como meus pensamentos
até comparo as ruas: percorri curvas semelhantes em alguns corpos
Passei pra registrar uns fatos
acabei fazendo parte da maioria deles.
Essa parte da história eu conheço bem!
É, amigo...
não fujo da arraia, não.
Nunca fui de traçar passo em vão,
gosto de escrever em verso tudo o que eu não previ, pra vê se vejo o que há
mas não prevejo nada...
É por isso que a maioria não mergulha nu dentro de mim.
Encosto a cabeça na cadeira do busão e olho pra cima
esse céu azul meio cinza estático me traz calmaria
Há outras coisas que causam a mesma sensação de paz
Mas às vezes eu preciso só do meu espaço
Tanto egoísta como sagaz...
domingo, 4 de outubro de 2015
Longitude
Nada do que já fizemos poderá ser desfeito de fato
Não me submeti ao que a maioria aprova, isso já significa meu mundo estável
Mostrando a alma sem máscara mas o espírito envolto de escudo
Malandro é quem respeita o espaço!
É bom saber que o mundo é grande
mas mesmo assim dói saber que SP tá tão longe
A agitação da minha mente é semelhante a Rua Augusta, da qual eu desconheço
Permaneço distante
Nesse instante rezo pra que eu não me esqueça um segundo
Solitude nata
procuro o que não me prenda
fico onde me cabe melhor
Mais um dia de missão cumprida
é agora que volto pra casa
Não estou muito cansada para me despedir agora
Mas o cedo tornou-se tarde pr'eu me ajeitar sem que o tempo pare
Finjo que tenho pressa.
segunda-feira, 10 de agosto de 2015
Cachos (pequenos relatos)
quinta-feira, 6 de agosto de 2015
Serena saudade plena
aqui, amor não tem de sobra.
As noites sem Lua costumam ser não muito aconchegantes.
Mas eu ainda quero ser poeta, mãe! E eu serei.
Ainda vou viajar o mundo, seguir mergulhando fundo,
em cada alma, em cada mar.
Hoje eu me lembro da vida precoce-antiga.
Do que me importa, do que esqueci e do que quero de volta.
O tempo não volta, lancei flores por aí, colhi pomares.
Quero meus passos serenos pra alcançar o que almejo.
Dar valor a cada sorriso que vejo e causo.
O que será, será... O que será?
O que é que vale?
Tantas horas jogadas no lixo,
esforços soprados ao vento,
colhendo e deixando morrer,
algo precisa mudar.
Mas hoje, só quero que o tempo não passe,
que algum corpo me aperte e ofereça um bom abraço.
Quando a vida corre demais,
quando você sente que lhe falta tempo,
começa a ver o que concretamente tem valor e,
consequentemente, costuma perceber aquilo que é supérfluo.
E são tantas as coisas aparentes e superficiais...
Não devo ser profunda pra mergulhar em algo tão raso demais...
Só sigo viajante, de codinome Pirata, e não é atoa.
Navego em todos os lugares até encontrar melhores mares,
me afastar dos males e concentrar-me em mim mesma.
Meus pés estão no chão, no ato.
No fim das contas, só quero mais liberdade.
Nada de arrumar as malas e sair de casa,
nem mesmo quero abrir mão do aconchego do abraço apertado de minha mãe depois de um dia cansativo.
Hoje, especialmente hoje, eu quis chorar.
Não sei ao certo se seriam lágrimas de alívio,
por ver o tempo passar,
ou por simplesmente saber quanto tempo ainda me resta para criar.
Hoje senti saudade até da nega que mora longe,
da prima-irmã que mora no meu prédio e quase não a vejo,
da irmã melhor confidente que em Minas Gerais está, com meus dois sobrinhos.
A vida vai passando, saudade dentro de mim ela tece.
Hoje eu parei para pensar.
É que eu sou assim.
É um mundo que gira dentro de mim.